A viagem no tempo, tema recorrente na ficção científica, costuma nos transportar para mundos fantásticos e realidades alternativas. Mas o que acontece quando o futuro arma o passado? No universo Die Gotica, a guerreira indígena Kereju enfrenta esse dilema ao retornar à sua época, o Brasil colonial de 1536, carregando consigo um fardo tecnológico capaz de mudar o rumo da história: armas nazistas do futuro.
Sua aldeia, outrora vibrante e cheia de vida, agora jaz em ruínas, vítima da brutalidade dos invasores portugueses. A dor da perda se mistura à fúria, incendiando em Kereju um desejo incontrolável de vingança. É nesse momento de fragilidade que o Bacharel de Cananéia entra em cena, um personagem ambíguo que promete ajudá-la em sua missão, mas a que custo?
A dança macabra dos Cavaleiros Teutônicos:
Kereju se vê diante de um poder inimaginável: robôs nazistas, construídos para a guerra, capazes de dizimar inimigos com precisão letal. Imagine a cena: armaduras metálicas avançando sobre os portugueses, cujas armas rudimentares parecem brinquedos diante da tecnologia futurista. A tentação de liberar essa força devastadora é imensa, uma promessa de vitória rápida e uma vingança satisfatória.
[Imagem: ilustração de Kereju observando um robô Cavaleiro Teutônico em ação contra os portugueses, com expressão sombria e dúvida em seu rosto.
Mas a sombra da destruição acompanha esse poder. Utilizar tecnologia avançada em um conflito primitivo desequilibra a balança de forma irreversível. A guerra se transforma em um massacre, e a justificativa da vingança perde sua força diante do espetáculo de morte e sofrimento.
O eco do futuro no passado:
“A história nos ensina que a introdução de tecnologia disruptiva em conflitos sempre teve consequências imprevisíveis e, muitas vezes, devastadoras”, afirma a Dra. Ana Silva, historiadora especializada em guerras e tecnologia. “A viagem no tempo adiciona uma nova camada de complexidade a essa equação, pois as ações no passado podem ter repercussões catastróficas no presente e no futuro.”
Kereju, consciente de seu papel na história, luta contra seus próprios demônios. Libertar os robôs nazistas significa abraçar o caos e a violência, arriscando alterar o destino de seu povo de forma irreparável. Mas como honrar a memória de sua aldeia sem sucumbir à fúria?

Em busca de um novo caminho:
Kereju começa a enxergar além da vingança, buscando alternativas que honrem seu passado sem comprometer o futuro. Seu conhecimento do futuro se torna uma arma, não de destruição, mas de persuasão e negociação. Talvez exista uma forma de influenciar os eventos, utilizando sua sabedoria para evitar o derramamento de sangue.
O dilema de Kereju nos convida a refletir sobre a natureza da guerra e o papel da tecnologia em nossas escolhas morais. Até que ponto a vingança justifica a violência? A história de Kereju, em Die Gotica, serve como um alerta: o futuro não deve armar o passado, mas iluminar o presente para que possamos construir um futuro mais justo e pacífico.